Governo oferece 3 mil dólares a brasileiros desempregados

10 de abril de 2009

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Com o agravamento da situação económica, o Japão deu início este mês a um polémico registo de imigrantes descendentes de japoneses desempregados, a maioria brasileiros e peruanos, dando três mil dólares para estes trabalhadores deixarem o país.


Além do subsídio de três mil dólares (2,2 mil euros ao câmbio actual), cada dependente do trabalhador terá ainda direito a um valor adicional de dois mil dólares (1,5 mil mil euros).

Nobuo Okuma, 60 anos, da cidade de Oizumi, na província de Gunma, é um dos que pensa aceitar o benefício. "Por enquanto, estou recebendo o seguro de desemprego e continuo a procurar uma vaga de trabalho. Se o seguro acabar e não conseguir recolocação, então o jeito vai ser voltar ao Brasil", diz o trabalhador, que está no país há três anos.

No entanto, em alguns sectores da comunidade, a medida do Governo não foi bem recebida: "O Governo teve 20 anos para criar uma estrutura para esses trabalhadores e integrá-los na sociedade local, no entanto nada disso foi feito e agora o Japão quer simplesmente se livrar desses trabalhadores", critica o sindicalista e activista social Francisco Freitas.

Já Carlos Zaha, presidente do Brasil Fureai, um grupo que foi criado para ajudar os brasileiros desempregados, defendeu a criação de uma entidade que actue no país e evitar que os trabalhadores precisem deste benefício.

"Precisamos criar uma comunidade forte, activa e que pensa, para buscar soluções rápidas para os problemas actuais", diz Zaha.

Assim como fez a Espanha no ano passado, quando deu início ao Plano de Retorno Voluntário, o Japão vai proibir o regresso ao país com visto de trabalho a quem aceitar o benefício. Só que, ao contrário do país europeu, que estipulou um prazo de três anos, o arquipélago ainda não definiu por quanto tempo será suspenso o visto.

Quando foi anunciada a medida, a Embaixada enviou uma nota ao Ministério das Relações Exteriores do Japão, colocando-se contra a decisão.

"O texto estava mal redigido e dava a entender que quem pegasse o dinheiro não poderia voltar nunca mais ao Japão", justifica Patrícia Cortês, secretária do Sector de Comunidade da Embaixada do Brasil em Tóquio

Esta semana, o Governo divulgou uma nota com mais detalhes sobre o projecto.

"Agora eles deixaram claro que o objectivo é ajudar os que estão muito necessitados e não têm condições de pagar uma passagem de volta ao Brasil", conta a diplomata brasileira, que considera a medida justa e humanitária.

"O Japão não vai gastar uma fortuna com uma família para daqui dois meses ela voltar para cá; eles não querem financiar férias no Brasil", explica.

Segundo fontes do Governo de Tóquio, o período não foi definido ainda porque o executivo quer esperar uma reacção da economia japonesa.

"Na hora em que a economia reaquecer, eles vão precisar dessa mão-de-obra de novo", lembra Patrícia Cortês.

Na mesma semana em que anunciou a doação do dinheiro aos brasileiros no Japão, o Governo de Tóquio divulgou um projecto de ensino do idioma e da cultura local aos estrangeiros, destacando uma verba de 10,9 milhões de dólares (8,2 milhões de euros) para a iniciativa, que deverá beneficiar cerca de 5 mil pessoas.

A crise internacional está a provocar uma das piores recessões no Japão desde a Segunda Guerra Mundial e cerca de 50 mil brasileiros enfrentam a ameaça de demissões, havendo já casos de quem perdeu o emprego, o tecto e precise do auxílio da comunidade.

Fonte: Lusa/fim

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